'Eu que não fumo, pedi um cigarro, eu que não amo você.
Envelheci dez anos ou mais neste ultimo mês.
Eu que não bebo, pedi um conhaque, para esquentar o inverno,
que entra pela porta que você deixou aberta ao sair...'
(Engenheiros do Hawaii)
São essas faltas que me causam tanta dor, e de nada adianta questionar o vento que sopra ou as esperanças que os biscoitos da sorte gentilmente me trazem.
Espreito gritos de glória, numa tentativa previamente frustrada de sair dessa lama e me banhar nas águas de alguma vitória.
Talvez a sorte tenha me procurado outrora, e eu, em pecado capital preguiçava sob algum joelho feito gato carente, e ela foi-se embora sem que eu abrisse a porta do ateliê.
Talvez o acaso tenha sido culpado por meses tão inúteis e indignos, quase sem salário, sem amigos, sem sol a pino e qualquer lampejo de ‘um amor tranqüilo com sabor de fruta mordida.
Eu vivo a buscar culpados, todavia sei que meus pés me trouxeram até este balcão de bar...
Aprecio já tonto, um salão de luzes frias e cadeiras vazias, e lá fora sei que pairam as mesmas nuvens acinzentadas de quando ela foi embora. Toca um tango triste e meus olhos marejam porque é fim de madrugada e o sono me deixou plantado outra vez.
No banheiro sujo evito encarar o espelho, para que, tal reflexo por ora desconhecido, não condene meus olhos vermelhos e minha barba por fazer. Assim leio pela 12ª vez a inscrição no azulejo da direita que parece brilhar em minha direção: “Do céu só cai chuva e avião sem gasolina”.
Eu sem utopias me ajeito no banco de madeira a analisar tal filosofia de boteco, quero esperar, quero continuar, mas tenho mais feridas abertas no peito que forças para encarar outra estrada. E são essas ausências que me enchem o peito e me incitam a continuar duvidando: ficar aqui não resolve nada, mas devo correr em busca de alguma outra qualquer felicidade?
[pausa dramática]
- Garçom, me trás mais uma Cuba Libre!
Vou fumar um cigarro e esperar o sol nascer para fazer novas escolhas...
Um comentário:
Pri, ontem tava assistindo a um canal da SKY(que nem lembro o nome!!!kkkk)e dei de cara com Maria Bethânia cantando BRINCAR DE VIVER!
Puta vida! A canção é ma-ra-vi-lho-sa!!!!
"A arte de sorrir...cada vez que o mundo diz NÃO!"
Como você é quem escreve sobre sentimentos e derivados do gênero, gostaria que fizesse um POST falando dessa canção... a letra deve ser do Guilherme Arantes!
Bjão pra vc...
Valeu
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