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domingo, outubro 17

Cuba Libre

'Eu que não fumo, pedi um cigarro, eu que não amo você.
 Envelheci dez anos ou mais neste ultimo mês.
Eu que não bebo, pedi um conhaque, para esquentar o inverno,
que entra pela porta que você deixou aberta ao sair...'
(Engenheiros do Hawaii)



São essas faltas que me causam tanta dor, e de nada adianta questionar o vento que sopra ou as esperanças que os biscoitos da sorte gentilmente me trazem.
Espreito gritos de glória, numa tentativa previamente frustrada de sair dessa lama e me banhar nas águas de alguma vitória.
Talvez a sorte tenha me procurado outrora, e eu, em pecado capital preguiçava sob algum joelho feito gato carente, e ela foi-se embora sem que eu abrisse a porta do ateliê.
Talvez o acaso tenha sido culpado por meses tão inúteis e indignos, quase sem salário, sem amigos, sem sol a pino e qualquer lampejo de ‘um amor tranqüilo com sabor de fruta mordida.
Eu vivo a buscar culpados, todavia sei que meus pés me trouxeram até este balcão de bar...
Aprecio já tonto, um salão de luzes frias e cadeiras vazias, e lá fora sei que pairam as mesmas nuvens acinzentadas de quando ela foi embora. Toca um tango triste e meus olhos marejam porque é fim de madrugada e o sono me deixou plantado outra vez.
No banheiro sujo evito encarar o espelho, para que, tal reflexo por ora desconhecido, não condene meus olhos vermelhos e minha barba por fazer. Assim leio pela 12ª vez a inscrição no azulejo da direita que parece brilhar em minha direção: “Do céu só cai chuva e avião sem gasolina”.
Eu sem utopias me ajeito no banco de madeira a analisar tal filosofia de boteco, quero esperar, quero continuar, mas tenho mais feridas abertas no peito que forças para encarar outra estrada. E são essas ausências que me enchem o peito e me incitam a continuar duvidando: ficar aqui não resolve nada, mas devo correr em busca de alguma outra qualquer felicidade?

[pausa dramática]

 - Garçom, me trás mais uma Cuba Libre!
Vou fumar um cigarro e esperar o sol nascer para fazer novas escolhas... 

Um comentário:

Sandro Dálio disse...

Pri, ontem tava assistindo a um canal da SKY(que nem lembro o nome!!!kkkk)e dei de cara com Maria Bethânia cantando BRINCAR DE VIVER!
Puta vida! A canção é ma-ra-vi-lho-sa!!!!

"A arte de sorrir...cada vez que o mundo diz NÃO!"

Como você é quem escreve sobre sentimentos e derivados do gênero, gostaria que fizesse um POST falando dessa canção... a letra deve ser do Guilherme Arantes!

Bjão pra vc...
Valeu