Cenas de um filme antigo. ( 1 )

- Porque eu ainda escrevo uma história perfeita que comece com Era uma vez...


Era uma vez...
A moça do sobretudo xadrez e o rapaz do casaco marinho de lã, que se encontram, por acaso, num sebo da estação de trem procurando o mesmo livro do Guimarães Rosa.
Ela tinha uns 27, ele beirava os 40. E no acaso da espera, tomaram um capuccino pra esquentar a tarde morninha de inverno.
Ela tinha os cabelos ondulados levemente dourados pelo sol, olhos negros expressivos e mãos finas. Lecionava.
Ele, tinha o queixo bem pronunciado - mas em harmonia com o resto do rosto magro - barba rala e olhos azuis constrastes com o marinho do casaco. Advogava.
Tinha a dicção perfeita e pronunciava todos os encatamentos que ela esperou escutar, assim, qualquer dia, em qualquer lugar.
Não queria mais pegar aquele trem...
Nem ele, atordoado pelo cheio almiscarado que a pele dela exalava.
Adiaram a viagem por longos 260 dias e brincaram de amar numa casinha branca e amarelinha, numa pacata vila, perto o suficiente para ouvir o apito do trem e o grito das histórias de ontem mal terminadas.
Seus cabelos eram lindos e perfumados, seus olhos os mais sinceros do mundo, sua boca tinha o néctar da mais perfeita flor.
Mas nem o queixo lindo, os olhos azuis cor de céu de dezembro, nem as palavras encantadas a manteriam cativa num sonho alheio.
Ela era fúria demais pra sua paz.
E assim, viveram felizes para sempre, ela em Berlim, ele em Goiás.


(Não era mesmo pra fazer sentido, só pra imaginar a cena).


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EM TEMPO: Continuem mandando suas entrevistinhas para o email prica.gc@gmail.com junto com a foto da carinha linda! Ela vem, logo em seguida pro blog.

Ps: To adorando a brincadeira de ver como as respostas pras mesmas perguntas podem ser tão diferentes!