Reticências...

“...a vida parecia reticente, sabia do futuro e do trabalho...”
(Cristo de Madeira – Ana Carolina)


Hoje eu sinto a vida assim, um tanto reticente...
Calei e consenti quando deveria ter mostrado os dentes.
Omito minhas aflições e decepções até mesmo do espelho. Aprendi a deixar aquietarem-se dentro de mim os sentimentos que não quero sentir com os olhos.
Acho que fiz a escolha errada... É eu fiz.
Escolhi viver o sonho que parecia retornar ao invés de estabilizar meus passos.
Será que mereço punição por isso?Por tentar realizar um sonho?
Que o seja então... Denovo, outra vez e novamente parar diante do tudo e se encher de porquês, apesar de saber que as respostas é que vão mover minhas pedras do lugar.

Estou ficando cansada de equacionar essas voltas que minha vida dá...
E cansada de procurar causas plausíveis pra maré que não pára de subir...
Fraquejar definitivamente não faz meu tipo, mas começo a esquecer aquela força do sopro que faz acreditar que amanhã será tomorrow outra vez...
Acho que pelo menos uma vez na vida alguém aí lendo esse texto já sentiu isso, esse egoísmo explícito de que o universo vem conspirando contra si, que tudo que chega vem da forma mais difícil e demorada e impossível.

(...)

Sei que não é bem assim.
Sei que a sorte pouco tem a ver com isso que sinto hoje e que de nada adianta chamar esses acasos de pouco afortunados.
Carregamos todos os dias o peso de nossas escolhas, os frutos de nossas plantações e as conseqüências (boas ou não) de nossas escolhas. Por mais difícil que seja sentir-me outra vez zerando o cronômetro, não tenho muitas opções...
“Ou enfrenta o Leão ou se joga ribanceira abaixo.”
Vou matar mais um de meus leões...

Meu reflexo agora é fracionado em pedaços de um espelho quebrado mas isso não muda quem sou.
To juntando todos eles...
Esperando, tentando fazer acontecer o que não acabou.

Afinal, sempre vai haver reticências no fim das minhas frases...
E sempre vou poder ser aquela mulher louca-estressada-frustada-vai-pra-puta-que-pariu-você-também que fala o que sente.


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"...E DAÍ?EU ADORO VOAR!"