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sexta-feira, outubro 8

O Amor, e Basta.




Faz tempo que to rascunhando para falar sobre isso...
Eu não sei se posso chamar essa minha atrevida opinião de ‘opinião bem formada’ sobre o assunto, até pq todo assunto tem prós e tem contras e cada um tem um ponto de vista diferente, chegar num consenso beira o impossível, e isso até mesmo quando se fala em sabor de sorvete.

Já estamos no século 21 faz tempo, 2010. Uma mulher disputa o segundo turno da presidência da república, vai ter copa e olimpíada por aqui. Pouco se fala sobre ceertos assuntos mais polêmicos, pouco se esclarece na mídia, poucos direitos são ofertados as pessoas homossexuais.
Eu tenho vários amigos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo, tem grande caráter e são pessoas melhores que muitos héteros, mas perante a sociedade ainda são julgados ‘diferentes’.
Essa classificação: hetero, homo, e blá blá blá já deveria ter sido abolida. A quem interessa? Se pagássemos menos ou mais impostos por isso talvez tivesse fundamento, mas definitivamente, OPÇÃO SEXUAL NÃO DESABONA NINGUEM DE SER BOA PESSOA, BOM PROFISSIONAL, BOM FILHO, BOM PAI OU MÃE, OU OS DOIS.
Eu sou desprovida de preconceitos. Converso com todo tipo de pessoa, tenho colegas das mais variadas tribos, nunca me recuso a conversar sobre qualquer que seja o assunto, respeito o que cada um escolhe pra sua vida e ensino isso pra minha filha, a olhar com os mesmos olhos pra todas as pessoas.
Fico bem feliz quando ouço alguém ser punido por tal ato e mais feliz ainda quando essas chamadas ‘minorias’ conseguem algum direito perante a sociedade [aqui eu incluo deficiente, sem teto, analfabetos, idosos, negros e afins]. A última coisa que me lembro ter comemorado foi a liberação do casamento entre iguais na Argentina.
Em outros países isso acontece normalmente, mas sacomé, no Brasil tudo demora...
Sou católica, e mesmo tendo aprendido que homossexualismo não é aceito pelas leis de Deus, nunca fui contra. Acho de verdade que por mais que não seja certo visto desses olhos, Deus não deixa de amar um ser humano por contrariar o que foi dito sei lá quantos milhões de anos atrás [me perdoa Pai do céu e algum padre se tiver lendo isso e me achar profana creio muito em Deus e sou temente a ele].
O mundo mudou em tudo. A espécie tem que acompanhar e isso não vai ser possível enquanto político falar por aí que é contra essas ‘sem-vergonhices’, incluindo no termo um casal homo adotar uma criança – pois é, alguém disse isso nas ultimas semanas. E claro, enquanto a sociedade não aceitar o próximo como igual, mesmo que ela tenha barba e se vista como uma mulher, ou ainda que tenha seios e se vista como um homem [exagerando de propósito], e as minorias cobrarem dignamente seu direitos.


Bob Marley disse uma vez que ‘enquanto a cor da pele fosse mais importante que o brilho dos olhos, nada faria sentido nesse mundo [é, foi mais ou menos isso]. Hoje eu adapto o raciocínio, e digo que enquanto a opção sexual for mais importante que o caráter e a verdade da pessoa, vai continuar sem ter sentido, vai continuar surgindo guerra, vai continuar aumentando o buraco.

Muito pouco se fala sobre esse assunto: homossexualismo, casamento entre pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças por essas pessoas.
De verdade, acho que nascer assim ou escolher ser assim pouco importa.
E se assinaram uma constituição um dia declarando que todos ser humano é igual e tem direitos iguais, preconceito é nojento e proibições são atrasos.
Vivemos em democracia [ou não?], corrompida, é fato, mas ao outro não deve importar com quem a pessoa faz ou deixa de fazer sexo.

Vi um comentário por aí de alguém [idiota] que diz aceitar o casamento entre gays, mas ser contra a permissão da adoção de crianças por tais casais pelo trauma que essas crianças iriam sofrer.
Trauma?
Trauma é ver o pai beber e bater na mãe, que por sua vez chora calada e desconta na pobre criança. É ver a mãe ser soldado do tráfico na favela que não tem banheiro nem água limpa, pra botar um arrozinho +- na panela. É ser jogado no lixo, no rio, na porta de uma casa dentro de uma mochila.
É dormir no chão e passar frio pra esquecer que ta com fome e que leite é só uma vez na semana.
É crescer num orfanato vendo um monte de bebê sendo levado embora pra ser amado e você ficar pra trás. É ter agulhas espetadas no corpo, marcas de queimado de bituca de cigarro, ter coma alcoólico aos 2 anos de idade...

Sou drástica demais as vezes, mas não consigo aceitar alguém dizer que é um trauma pra criança ter 2 pais ou 2 mães. E não ter pais é menos traumatizante desde quando?

Dignidade não se justifica por gostar ou não de determinada pessoa, se casar ou não com ela.
Se duas pessoas resolveram se unir e formar uma família fora dos padrões pré-estabelecidos, que se amem, se harmonizem, construam e sejam felizes.
Se nessa família couber uma criança, melhor ainda, porque há muitas crianças precisando de alguém pra amar nesse país, seja essa pessoa, pai, mãe, tio, padrinho...como queiram chamar.
Ao casal [casal sim, porque não?], vai ser necessário muita sinceridade pra fazer a criança entender que tem uma família diferente das outras, mas é amada da mesma forma que qualquer outro filho. E afinal, nenhuma família é igual mesmo... Eu nunca tive pai, e nem por isso ‘não dei uma boa pessoa’, como diz minha avó.
Essas necessidades são necessidades até certo ponto. Numa linha bem fina de amor ela deixa de ser.
Não quero expor ninguém à cegueira de que o mundo é um mar de rosas de tolerância e igualdade, e deixo bem claro que esse texto é só uma opinião pessoal, um desabafo para fazer com que outras pessoas pensem nisso.
Ta na hora da sociedade rever esses conceitos velhos, não pra fazer história, nem para satisfazer caprichos ou ganhar votos, e porque não dinheiro. Mas para fazer que no futuro, o hoje seja melhor para os nossos filhos da barriga e do coração viverem.
Ter um pai e uma mãe não garante que você vai ser um adulto decente.
Dinheiro vale muito pra criar uma criança, mas relutar em permitir que duas pessoas de mesmo sexo cuidem de uma criança é relutar que ‘toda forma de amor vale a pena. ’
É amor gente! E isso basta!

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*O que me moveu a mexer e publicar esse texto foi a notícia de que um curta metragem italiano estava sendo exibido no rio de Janeiro abordando o assunto, com o título ‘O Amor, e Basta”.
Dizem ser daqueles filmes que valem mais pelo conteúdo que pela cena ...
Queria muito assistir, mas aqui nessas cidade curta metragem nem chega...
[Taí uma idéia pra dar pro meu primo Neto Jacóia].
Olhei pra esse título e pensei: Perfeito!Queria eu ter pensado nele!
Ele mostra vários casais e suas histórias particulares e distintas.

**Sobre o filme e o assunto, mais aqui:


***Cabe um grande abraço nos meus primos Marco Aurélio e Rosana Jacóia que adotaram a Ana Nicole e fizeram dela uma criança de olhos brilhantes, e, claro, um beijinho nela, que trouxe grandes bênçãos na vida desse casal.

3 comentários:

Sandro Dálio disse...

Se todos fossem iguais e tivessem apenas uma opinião, teríamos um só time de futebol, um só candidato nas eleições(pra que eleições então???), uma só profissão e se a profissão escolhida fosse editor, quem escreveria???
Completamos um ao outro, homossexuais ou não, o que vale à pena é nos enxergarmos como seres carentes em busca de amor. Iremos encontra-lo com pedradas? Pode o amor ser encontrado no egoísmo ou na relutância em se aceitar o próximo tão defeituoso como nós mesmos?
Poderia enumerar uma página aqui com meus defeitos, mas não sou preconceituoso e considero isso um grande passo para se chegar a Deus!
Se uma religião condena os homossexuais, então essa não é minha religião, porque, para mim, Deus nem está lá...
Vivo dizendo ao meu filho: Se você for homossexual, pelo menos seja HOMEM!
Porque, ser homem no sentido real da palavra, não significa dormir com todas e ser o comedor da praça! Nem ter o físico avantajado como se o cérebro descesse no bíceps!
Ser homem vai além.
Meu filho não é homossexual, mas se fosse, com certeza, seria amado da mesma forma.
Porque no "fringir" dos ovos, quem é que está certo? Quem é que está errado?
Acreditar nisso ou naquilo é opinião, não certeza. E nunca seremos detentores da verdade.
Ao homem não foi dado o conhecimento! Antes deram-lhe duas pernas e um cérebro, para caminhar e pensar! BUSQUE-AS!
Não defendo bandeiras. Apenas não tenho nenhum direito de censurar a vida de um irmão. Como quer que ela seja!
Salve salve heteros e homos!
Todos filhos do mesmo Deus!
Infeliz daquele que se baseia em textos milenares , egípcios, fenícios, gregos e afins, todos traduzidos em desalinho e desacordo, para condenar uma pessoa, sem levar em conta seu direito de viver, seu caráter e seu dom maior: A VIDA!
E passa a régua!

* _ Pri CastRo _ * disse...

Que bommmmmm ler tudo isso Sandrão!
Vc é peça rara, disso não tenho dúvidas...

Rose Barretto disse...

Que texto maravilhoso!
Nem tenho muito o que dizer, você e meu grande amigo Sandro Dálio, já falaram tudo.

"Ser um homem feminio, não fere o meu lado masculino.
Se Deus é menino e mmenina, sou masculino feminio."

(Trecho retirado de uma música de Pepeu Gomes)

Beijos nos seus lindos corações!!!