Meu namorado imaginário é quase inspiração pra uma canção.
Poucos anos mais velho que eu, nem tão alto, nem tão forte; Tem ombros que atravessam a fronteira e o cabelo mais gostoso de fazer cafuné.
Seus braços têm a envergadura perfeita de um abraço de sonho, suas mãos grandes e calejadas a doçuras dos brigadeiros que me trás as sextas feiras.
Sua pele pigmentada e seus oblíquos bem pronunciados enchem minha alma de pensamentos pervertidos...
Não fuma, bebe pouco (mas às vezes também se joga), não tem o hábito de freqüentar botecos e nem de jogar truco. Não reclama quando ouço sertanejo no carro, nem quando irrito a vida de tanto cantar Mpb antiga.
Eu sei que vou me apaixonar quando ele ainda estiver de costas, porque ele tem aquele arquétipo de príncipe encantado, que quando veste uma camisa rosa faz trilha sonora no imaginário – “... deve ser o mel que a mamãe me passou...”.
Ele ainda é dono dos olhos amendoados mais insistentes que eu já vi que olham dentro dos meus até quando fala do preço da gasolina, de um sorriso largo que faz qualquer dentista cobiçar, que alegra minhas crises mais profundas de TPM, e uma pegada que tira meus saltos mais altos do chão.
Meu namorado imaginário tem instinto crítico, opiniões controversas e uma política de esquerda tentadora, ainda assim, nossos papos sobre as tragédias naturais e o merchandising da televisão sempre são extensos e terminam num beijinho na ponta do nariz.
Nosso gosto musical nem é tão parecido, mas sempre são suas às melhores escolhas a meia luz.
Ah, ele gosta de tirar fotos (e eu acho isso tão importante num homem!).
Meu namorado imaginário não acha brega uma noite de fondue no inverno, não reclama quando insisto pra ir ao cinema ver filminho água com açúcar, me manda flores pra me lembrar que é quarta feira – e ele tem futebol – e no meu próximo aniversário vai me levar pra escolher um livro.
Vez ou outra nos deitamos na varanda do apartamento dele, e assim, quase que sem motivos, partilhamos nossos sonhos mais profundos...
Desses nossos devaneios diante das estrelas é que nascem nossos mais sinceros planos, como comprar uma cama redonda, viajar pra Peruíbe no verão, ter quatro filhos – dois da barriga e dois do coração – e um porquinho de estimação. Tudo isso depois que ele terminar a pós em Economia e eu me graduar em Logística.
Na ponta dos seus dedos encontrando minha pele a gente se funde, em simbiose, no calor das coisas intangíveis, no exato lugar onde um entende o que o outro fala, até mesmo quando ele não diz nada. E fim.
Eu não vou amá-lo só pelo que ele é, mas pela pessoa que ele me fará ser quando estiver com ele.
Ele vai me ensinar a ser mais calma, a falar mais baixo, a dormir mais cedo. Vai me fazer feliz de um modo diferente a cada dia e com as menores coisas possíveis. Vai me olhar torto quando eu estiver de saia curta, vai continuar olhando nos meus olhos quando achar que eu estou errada, e ainda assim me dar todo apoio que seus braços puderem alcançar.
Sei que, quando ele chegar, assim, de costas e camisa rosa, minha alma vai dar a ele um cavalo branco e um castelo, e se nele não couberem todos os meus sonhos materializados, não importa. Vou dar a ele de presente uma camisa listrada.
Porque ao lado de um homem de camisa listrada a gente se sente dentro de um samba da Alcione...
E então eu já serei a mulher mais feliz do mundo.
(Afinal, é isso o que um namorado imaginário deve fazer).
Pri Castro - 09/07/2010
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Em tempo: Se souberem de concursos literários rolando me avisem please!
2 comentários:
Ah ta que é imaginário neh
hahahaha
linduu
Eu tô aqui sempre...
Só que nem sempre comento no ultimo post... :P
Mas leio tudo sempre! xD
Bju bju!
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