Sou feita de essências, particularidades , sucessos e excessos. Retenho pluralidades,mas sou intensamente singular. Leio pra conhecer outros universos.Canto pra trazer os anjos pra perto. E escrevo pra que todos os plurais em mim possam passear! BEM VINDOS AO MEU ESPAÇO! Aqui externo minhas paixões pela escrita e a música, em textos e crônicas à muito guardados. - Todos os textos postados são de minha autoria, os que não o forem, serão publicados com o nome de seus criadores -
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segunda-feira, junho 21
Recapeando a calçada.
Sentiu as faces febris com aquele olhos nos olhos e por um instante temeu que ele percebesse que ela estava vermelha.
Não era emoção, nem vergonha, nem nada.
Era só mais um emprego?
É talvez fosse. Mas não era o ‘ficar desempregada’ que a deixava de faces febris e estômago embrulhado, era a sensação do ‘outra vez’.
Saiu dali com passos firmes, apesar de já estar sem chão. Dispensou a carona e preferiu ir a pé pra casa, quem sabe vinte minutos de caminhada a fizessem digerir a decepção.
Estava tudo tão certo, no prumo, nos eixos, funcionando. Cheia de planos possíveis, resgatando sonhos, se esforçando pra não perder a estrada, aprendendo, feliz.
Devia ter percebido que algo estava errado...
(Porque depois de certa vivência a gente aprende que nem tudo vai bem, mesmo quando parece bem)
À passos curtos e pesados, não deixava pra trás o trabalho, deixava a conquista e o suor, todas as suas esperanças e suas buscas, seu tempo investido, e tão, tão, tão decepcionada dessa vez, que mesmo sentindo o amargo gosto da derrota na boca, nenhuma lágrima derramou.
Acordou ressentida com a vida, mas acordou.
Sentiu falta da correria, do despertador, dos prazos, dos atrasos e dos seus olhos sorrindo no espelho...
Dois anos inteirinhos rodando em círculos. Tentou encontrar culpados, mas nem falta de sorte explicava o seu peito preenchido de ausências de ontem.
Hoje era só um sonho interrompido, um detalhe desapercebido, um impulso contido, uma tropeço no fim da estrada.
Mas era maio, era outono, e fazia sol...
Foi respirar o ar morno do fim da tarde, tomar um suco de abacaxi com hortelã, assistir ‘Forest Gump’ mais uma vez.
Não havia certezas pra apaziguar o sono e nem oportunidades que se abririam feito às azaléias do jardim do vizinho – que é sempre mais bonito – mas as reticências que seus passos carimbavam no chão batido instigavam a continuar.
Perder faz parte do jogo, continuar é a melhor opção.
Afinal, quando a conta bancária não permite que reformemos a casa toda, raspamos as economias e vamos recapear a calçada...
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