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terça-feira, junho 15

"O assunto inevitável."


Hoje o Brasil parou.
Lojas, supermercados, escolas, prefeituras e bancos fecharam.
O expediente hoje foi mais curto.
Os postos de gasolina lotaram e as boates abriram mais cedo.
Cada rua que se passava depois do meio dia tinha cheiro de churrasco...
Hoje o Brasil parou.
As multidões tingidas até os ossos de verde e amarelo correram pras ruas, juntaram as vuvuzelas, os rojões, as bandeiras, na espera anciosa e (in)contida de por pra fora num grito três letrinhas engasgadas há quatro anos: GOL.
À essa altura, é inevitável naum falar em Copa do Mundo e na tão esperada estréia da seleção canarinho nos campos dos Bafana Bafana. Até eu, que não sou das mais fervorosas torcedoras me rendo.

Rendo-me porque é lindo ver tanta gente junta por um único ideal.
Hoje, em nosso país tropical, não havia minorias, nem raças, nem credos, nem cores, nem sexos e suas preferências, nem classes sociais. Hoje não se via preconceito, distinção, dificuldades, medo.
Hoje eram 11 homens sob o comando de 1 outro homem e 1 bola. E todos os olhos brasileiros brilhando esperança voltados pra eles.

Sou meio avessa a esse exagero que se faz em ano de Copa, Olimpíada, etc. Não me levem a mal, não sou contrária, sou meio avessa e só ao exagero de torcer, chorar, sangrar pelo futebol nacional e seus afins.
Adoro esportes, sempre pratiquei e acredito que poucas atividades tenham tanto efeito de disciplinar e ajudar as pessoas quanto ele, mas não vejo muita sinceridade nessa festa toda que pára países inteiros mundo afora.
Explico.
Hoje o Brasil parou por 11 homens que quase decepcionaram com um futebol lento e previsível. Tanta euforia, tanta espera, tanta torcida e o Brasil Pentacampeão venceu por um misero golzinho contra a Coréia do Norte... Pois é. De quem foi a culpa?Da Jabulani?Do Dunga?Do Kaká?
(Brasileiro sempre acha em quem por a culpa).
Sem mais comentários quanto a isso, afinal, só se frusta quem espera demais, e eu que cochilei durante o jogo e só assisti pra não ser o ‘azarão’ vou esperar quase nada daqui pra frente.
Chegando ao princípio que me indigna e qual me moveu a escrever esse texto, o meu avesso e a minha falta de vontade de parar em frente à TV por duas horas inteiras vem do fato que dia de jogo da seleção na Copa é o único dia em que não há preconceitos nessa terra. Isso é tãooo maravilhoso!
Será que só eu percebi isso?
O Brasil não parou quando Santa Catarina veio abaixo depois de um furacão e nem quando o Rio de Janeiro virou um mar de lixo e lama depois de uma tempestade – fato esse que a mídia esqueceu pra dar espaço as matérias interessantíssimas sobre ao Copa na África.
Taí minha indignação.
Mais uma vez peço que não me levem a mal, quando digo que não acho sincero esse apelo todo pelo Hexa. Não julgo falta de sinceridade nas pessoas que torcem e nem na forma como torcem, é que acho meio hipócrita essa mobilização toda, essa grana toda, por um jogo de futebol, num país que tem milhões de desempregados, analfabetos, famintos, sem teto e sem chão, impostos abusivos e corrupção as pencas.
Quero que os que me lêem pensem nisso.
Hoje a gente pára o país num grito uníssono de GOL e amanhã ainda vai ter criança passando fome e político recebendo propina...
Já ouvi dizer que ‘nada em exagero é bom’ e também que ‘nada tem mais sucesso do que o excesso’, e na minha reles existência pensante acredito no que a vida me ensinou: “Há sucessos e excessos, e eles nem sempre estão ligados.”
Prova dos nove: Se torcida ganhasse Copa o Brasil teria sido campeão dezoito vezes.
Esse excesso me incomoda sim.
Não que eu vá fazer as unhas durante o jogo – e olha que não é má idéia pensando no jogo de hoje – porque eu também quero ter o título de hexa ligado ao nome do meu país.
Vou torcer pela nossa seleção, vou esperar que o Dunga cale a boca de todos nós que ficamos criticando suas escolhas, vou ficar feliz se o Robinho fizer gol, se o Júlio César defender um pênalti... Mas...
Todos eles, campeões ou não terão garantidos seus obesos salários enquanto eu procuro emprego. Pra que me esvair-se em tintas e gritos e assovios e palavrões?
Vou sentar calmamente em meu sofá se fizer sol, na minha cama se fizer frio, comer uma pipoquinha. Jogo ou outro pode ser que eu me junte a alguns amigos pra dividir uma cervejinha...
Acho que essa copa é mais da África do que qualquer outra Copa foi de qualquer outro país. Essa Copa é a personificação da Liberdade que tanto sofreram pra conquistar e tem a tão pouco tempo.
Vou ficar com minhas opiniões e meus avessos, torcendo pra que o Brasil de hoje não seja o Brasil de domingo e siga na competição... Caso contrário, que os donos da casa tomem posse da taça.
Não serei o ‘azarão’ e nem quero passar perto da culpa do ‘vai ver o Brasil perdeu porque eu não assisti o jogo’. Vou embalar com os outros milhões de conterrâneos que tem aquele brilho quase canarinho inquietante e único nos olhos.
Nem assim vou mudar o meu avesso ao exagero que se faz nessa época, se deixando esquecer de todo o resto que não anda bem por aqui e por alí.
Rendo-me,afinal, o Brasileiro sofre quatro anos seguidos e vai ver desafoga na Copa.
E outra... Paixão é paixão né?
Que direito eu tenho em querer que me expliquem?
Esse país é visceralmente apaixonado por futebol...
Então tá!


Um pensamento inevitável...
Se Robinho, Ganso e Neimar estivessem lá eu certamente estaria mais atenta em frente a tela, louca pra vê-los ensinar o rebolation para os africanos...


2 comentários:

Sandro Dálio disse...

Pri...
Desculpe-me linda amiga!
Mas o jogo de ontem não merece um "tiquinho" do que você escreveu aqui...
O jogo de ontem foi pra "cabá!", pelo amor de DEUS!
E viva a África!!!!!
Abraços

* _ Pri CastRo _ * disse...

Pois é Sandro....
Por isso q até cochilei e levantei a ipotese de fazer as unhas durante o próximo...rs!
Mas mesmo assim o povo tava lá né...vibrando, torcendo...
E eu queria que ficasse assim em dia de eleição...
Que bom que continua acompanhando meu blog.
E espero que tenha gostado do texto mesmo!

Grande Abraço!
E viva a África!